Prefeitura de Niterói restaura vegetação da Ilha da Menina, em Itaipu

Intervenções integram projeto que também recupera restingas, manguezais e áreas de Mata Atlântica no município, num total de 203,1 hectares

Um pequeno pedaço de paraíso em Niterói, que sofreu com a ação do tempo e a degradação do homem, a Ilha da Menina, em Itaipu, na Região Oceânica, começou a ter o seu ecossistema reconstruído.

A intervenção – que inclui o plantio experimental de mudas nativas, escolhidas por especialistas para aquela área, está sendo realizada pela Prefeitura de Niterói, por intermédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade.

A ação faz parte do Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social, executado pelo órgão em diversas áreas do município, e integra o maior projeto de revegetação já realizado na cidade.

Foto: Lucas Benevides

O prefeito Axel Grael destaca que a política de áreas verdes, adotada pela gestão, tem alcançado “um grande destaque internacional”, por causa da criação de áreas protegidas, que ocupam “mais da metade do território” do município:

“O trabalho de recuperação de ecossistemas, com ações de reflorestamento, a renaturalização do Rio Jacaré e a implantação do Parque Orla de Piratininga, entre outros. A revegetação da Ilha da Menina integra o trabalho que a Prefeitura vem desenvolvendo para fazer da cidade uma referência de políticas de sustentabilidade e resiliência climática”.

Restaurar a vegetação da ilha, que fica a cerca de um quilômetro da Praia de Itaipu, exige uma logística complexa para o deslocamento em barco e bote das mudas e ferramentas para o plantio.

Além dos técnicos, o trabalho envolve ainda um grupo de voluntários e representantes do Peset (Parque Estadual da Serra da Tiririca), da Resex (Reserva Extrativista de Itaipu), do Departamento de Biologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e do grupo de canoa havaiana Vou de Canoa. A ação teve início na última sexta-feira (16).

Foto: Lucas Benevides

Antes da intervenção prática, foi realizado um diagnóstico detalhado sobre a formação vegetal, tipo de solo, fauna, presença de água doce e profundidade associados à topografia. Após o levantamento, teve início a elaboração do planejamento para as incursões, visando o plantio, manutenção e monitoramento de plantas nativas e invasoras.

Para o secretário Municipal de Meio Ambiente, Rafael Robertson, o que vem sendo feito “é a maior restauração ecológica já realizada” pela cidade. Ele quer transmitir o legado a futuras gerações:

“É um trabalho feito em todas as regiões, por técnicos, com a ajuda de voluntários. Vamos avançar nas nossas metas, protegendo cada vez mais áreas verdes de Niterói”.

O subsecretário de Sustentabilidade e coordenador do Projeto de Restauração Ecológica, Allan Cruz, explica que essa primeira intervenção será experimental, com o plantio de 80 mudas e posterior acompanhamento do desenvolvimento das plantas para avaliar se a estratégia funcionou. Neste primeiro trabalho, serão plantadas mudas das espécies nativas: Aroeira (Schinus terebinthifoliu), Capororoca (Myrsine umbellata), Colo de Pescoço (Sophora tomentosa) e Araçá da Praia (Psidium cattleianum).

“Nossa expectativa é que o experimento seja bem-sucedido para que, mais à frente, possamos ter um cronograma regular de plantio na ilha. Estamos muito entusiasmados em avançar com o projeto de restauração. É um trabalho muito aguardado por todos os que estão envolvidos, porque é uma iniciativa inédita em Niterói”, afirma Cruz.

O professor e especialista em revegetação e restauração ecológica do Departamento de Biologia da PUC, Richieri Sartori, participa desta fase do projeto na Ilha Menina. Ele é responsável por trabalho semelhante, que vem sendo realizado nas Cagarras, no Rio.

Sartori explica que, no levantamento realizado na ilha niteroiense, verificou-se uma presença maciça de capim colonião. Essa espécie invasora dificulta a restauração com plantio manual de vegetação nativa:

“Optamos por plantar espécies de crescimento rápido para acelerarmos a cobertura da área e controlar a dominância atual do capim colonião. A única forma de retirar o capim colonião é cobrindo a área”.

O plantio de espécies nativas também contemplará áreas no entorno da Lagoa de Itaipu e manguezais.

O Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social teve início em 2019, com investimento de R$ 2,9 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O objetivo do programa é recuperar um total de 203,1 hectares de diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica. Está sendo executado nas praias de Camboinhas, Itacoatiara, Itaipu e Charitas, além do entorno da Lagoa de Itaipu e no Parque Natural Municipal de Niterói.

Foto: Lucas Benevides

Foto Capa: Lucas Benevides

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