Itacoatiara Big Wave é o primeiro evento neutro em carbono de Niterói
Surfistas de ondas grandes plantaram 100 mudas de restinga na área do Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social da Secretaria do Meio Ambiente para compensar emissões da competição
O Itacoatiara Big Wave (IBW), competição de surfe de ondas grandes realizada na Praia de Itacoatiara até o dia 31 de agosto, tornou-se nesta quinta-feira (18) o primeiro evento neutro em carbono de Niterói. A conquista aconteceu graças ao plantio de 100 mudas nativas dentro da área do Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social, desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente de Niterói na restinga da praia da Região Oceânica.
Três surfistas que estão competindo no IBW participaram da ação. Foram plantadas mudas de aroeira, ora-pro-nobis, quixabeira, pitanga, feijão de boi, entre outras espécies. A atividade, que também contou com a presença dos voluntários que atuam no projeto, foi uma parceria entre a organização do evento e as secretarias municipais de Meio Ambiente e do Clima.
Daniel Rodrigues, 32 anos, aprendeu a surfar nas ondas de Itacoatiara e hoje é um dos nomes de destaque na categoria de ondas grandes, estando entre os atletas mais bem posicionados no IBW. Ele já rodou o mundo surfando, mas é aqui que considera sua casa e se sentiu honrado em participar da ação de plantio.
“Viajei por muitos países, mas amo esse lugar e acabei voltando para morar em Niterói. Para mim é muito importante participar deste evento em prol da preservação da nossa praia para deixar como exemplo para as próximas gerações de que aqui em Itacoatiara a gente surfa, mas também preserva, a gente cuida porque amamos esse lugar. Vou estar sempre aqui com outros surfistas também para reduzir o lixo na praia e diminuir a poluição sonora. Queremos que todos vejam a relação dos surfistas com a natureza. Como estamos sempre no mar, temos que dar o exemplo”, afirmou Daniel.
Kalani Lattanzi, 28 anos, apesar de ter nascido no Havaí, veio morar em Niterói ainda criança e foi no canal de Itaipu que aprendeu a surfar. Depois que deixou de ser iniciante, na Praia de Itacoatiara o surfista iniciou sua carreira. Para ele, plantar mudas na restinga foi um grande prazer.
“É muito gratificante poder contribuir para a preservação da natureza no nosso quintal, nosso parque de diversões. É uma alegria e estou muito honrado de estar ao lado dessa galera do bem para cuidar da restinga”, disse.
O caçula do trio de surfistas que participou do plantio foi Guilherme Hilel, 21 anos. Morador de Macaé, ele veio para Niterói para competir no IBW.
“Vim para Niterói para estar presente durante toda a janela, nos treinos e nos dias de competição. É um prazer participar do plantio. Como surfistas estamos sempre à mercê da natureza, então ajudar é muito gratificante e nosso dever. Essa atividade na restinga é o exemplo de que o Itacoatiara Big Wave é muito mais do que um campeonato de surf porque mostra que estamos preocupados realmente em compensar as emissões de carbono do evento”, afirmou.
O plantio das mudas feito pelos surfistas com a ajuda dos voluntários se concentrou em três áreas da restinga. Para o subsecretário de Sustentabilidade da Secretaria de Meio Ambiente de Niterói, Allan Cruz, as parcerias são sempre bem-vindas no Projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social.
“As atividades de plantio na restinga de forma conjunta são uma forma especial de conscientizar a sociedade sobre a importância da preservação dessas espécies. Essas parcerias contribuem com o nosso trabalho. Fomos procurados pela organização da competição, que considerou importante fazer o plantio de mudas com a participação dos atletas, e nós abraçamos a iniciativa”, explicou Cruz.
Alexey Wanick, organizador do Itacoatiara Big Wave, exaltou a parceria com a Prefeitura de Niterói.
“Decidimos fazer o plantio de mudas de vegetação nativa como forma de compensação ambiental das emissões de carbono da competição. A parceria com as secretarias do Meio Ambiente e do Clima foram importantes para alcançarmos este objetivo”, afirmou Wanick.
Restauração- O projeto de Restauração Ecológica e Inclusão Social é desenvolvido com investimento de R$ 2,9 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Tem como meta recuperar um total de 203,1 hectares de áreas essenciais para os ecossistemas em torno da Mata Atlântica no município.
Está em execução nas restingas de Camboinhas e Itacoatiara. Também vai reflorestar com espécies nativas as ilhas Pai, Mãe e Menina, localizadas a cerca de 2 quilômetros da Praia de Itaipu e que integram o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), além do entorno da Lagoa de Itaipu e manguezais.
Paralelamente à restauração das restingas, o projeto também contempla o reflorestamento do entorno e vales centrais do Parque da Cidade, sede do Parque Natural Municipal de Niterói (Parnit), com o lançamento de sementes de palmeira juçara e plantio de mudas da espécie.
Fotos: Lucas Benevides
Prefeitura de Niterói adere à programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P)
Objetivo é conscientizar e envolver servidores municipais para a gestão sustentável dos recursos e contra o desperdício
Criar uma cultura de responsabilidade socioambiental na administração municipal. Esse é o compromisso que a Prefeitura de Niterói assumiu ao aderir voluntariamente ao Programa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), do Ministério do Meio Ambiente. A cidade agora está certificada junto ao governo federal para desenvolver projetos que irão promover a conscientização contra o desperdício e a utilização coerente dos recursos naturais e dos bens públicos junto aos servidores de todos os órgãos da administração direta e indireta.
A A3P é estruturada em seis eixos temáticos prioritários, que são o uso racional dos recursos naturais e bens públicos, gestão adequada dos resíduos gerados, qualidade de vida no ambiente de trabalho, compras públicas sustentáveis, construções sustentáveis e sensibilização e capacitação dos servidores. Esses eixos têm como fundamento a política dos 5 R’s: repensar, reduzir, reaproveitar, reciclar e recusar o consumo de produtos que gerem impactos socioambientais negativos significativos.
O Certificado de Adesão à A3P foi recebido pela prefeitura no final de julho. O próximo passo será a criação da Comissão Gestora da Agenda, que contará com dois representantes de cada órgão municipal. Esse grupo fará o diagnóstico socioambiental e irá elaborar o plano de gestão.
O Termo de Adesão ao programa possui duração de 5 anos. Durante a vigência, o Ministério do Meio Ambiente acompanha as ações implementadas pelo órgão parceiro, prestando o assessoramento técnico necessário para que o município atinja os objetivos pactuados em plano de trabalho.
“A partir de agora, o nosso objetivo será estimular a reflexão e a mudança de atitude dos servidores para que incorporem os critérios para gestão socioambiental em suas atividades rotineiras. Trata-se de uma iniciativa que demanda o engajamento individual e coletivo, a partir do comprometimento pessoal e da disposição para a incorporação dos conceitos preconizados pela A3P para a mudança de hábitos e melhoria da cultura institucional. Participar desta agenda é uma conquista muito importante para o nosso município, o que vai proporcionar um trabalho efetivo em busca do desenvolvimento sustentável, garantindo melhor qualidade de vida”, afirma o secretário de Meio Ambiente, Rafael Robertson.
Ações previstas – O levantamento e acompanhamento do consumo de papel usado para impressão e cópias é uma das iniciativas previstas na implantação da A3P na gestão municipal.
Também serão adotadas medidas que visam promover a economia e o uso racional da energia elétrica nas edificações públicas, além do diagnóstico da situação das instalações elétricas para propor as alterações necessárias para redução do consumo e aproveitamento das condições naturais do ambiente de trabalho (ventilação, luz solar).
A A3P contempla ainda o consumo de água e de materiais plásticos, como copos; a gestão e descarte adequado dos resíduos e reciclagem; sensibilização e capacitação; implantação de programas de qualidade de vida, saúde e segurança no trabalho; licitações sustentáveis – propor que preferencialmente sejam realizadas aquisições de bens e materiais; contratações de serviços e obras ambientalmente sustentáveis como, por exemplo, a compra de impressoras que imprimam em frente e verso.
Crédito da foto: Luciana Carneiro